terça-feira, 17 de janeiro de 2012

a consciência encontra seu âmbito - continua


mesmo que, desde o começo, o trabalho tenha sido proufndamente consciente,
foi a partir de 1977 que fedora começou a prestar maior atenção ao próprio
pensamento. a maneira como pensamos o esforço que é feito quando se quer
concentrar, o estado em que se encontra nossa cabeça e, especialmente, a
mecanicidade do pensamento, foram questões que começaram a ser levantadas.
ela procurava um centro que estivesse ligado diretamente ao pensamento e o
encontrou bem no meio da cabeça, no ponto que corresponde ao sétimo chacra
da yoga, chamou-o de centro do pensamento. ela dizia: devemos pensar com
força. a partir daí, mandamos as ordens para todos os outros centros, inclusive
o insubstituível da língua. não devemos ficar na sensação do pensamento;
pensar é seguir pensando.
um registro do dia 21 de março de 1977: as correntes internas que sentimos
nestas últimas semanas, mesmo que não surpreendam, ainda comovem. o novo
centro que usamos e que corresponde exclusivamente à força do pensamento
desperta e mantém mais vivo ainda o ponto da língua que possui o centro
energético; surpreendentemente, aviva também as polpas dos dedos, mesmo nas
pessoas que ainda não trabalharam as mesmas. a maioria das pessoas pensa
esforçadamente pela zona da testa, este esforço provoca as rugas que tão
comumente observamos e impede o desenvolvimento do centro que se encontra
localizado na mesma.
a tarefa nesse momento era conseguir a simultaneidade entre pensamentoe ação.
tínhamos um lugar por onde produzir o pensamento, era a partir desse lugar que
as ordens a nós mesmos eram dadas e também a partir dele que os movimentos eram
realizados. devíamos fazer desaparecer  o espaço entre pensamento e ação.
trabalhávamos o relaxamento da zona da testa, quando eu colocava a mão nas testas
dos meus alunos podia sentir como se verdadeiras ondas de maior ou menor
intensidade as atravessassem.
talvez a intensidade tenha a ver com a força da contração.
acontecia que algumas pessoas se negavam ou tinham muita dificuldade de se darem
uma determinada ordem; isto era um mecanismo adquirido desde pequenos, como
rebeldia frente às ordens arbitrárias que tinha tido que executar. tínhamos que
compreender que, dentro do trabalho, as ordens que nós dávamos eram dadas por
nós mesmos.
o centro do pensamento foi retrocendo até que, em 1981, fedora descobriu
o que chamou de âmbito da consciência. era um centro que estava localizado no
topo da cabeça, na parte mais alta dela, logo antes de esta começar a descer.
o nome que fedora encontrou para este centro tinha a ver com o estado que este
produzia. o fato de estar pensando a partir do âmbito da consciência
provocava um relaxamento mental, nunca experimentado antes, que
podia se perceber em todo o corpo. também o fato de deixar de tensionar
o osso frontal permitia que novas correntes energéticas circulassem pela
face anterior do corpo; e estar pensando a partir da zona posterior da cabeça
abria também uma nova circulação na face posterior do corpo. uma porque
se liberava, a outra porque começava a viver. aos poucos o pensamento
começava a acalmar-se.


texto: cristina suarez
música: sunrise - bliss

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