durante aqueles anos o sistema que fedora transmitia consistia
em relaxar a língua com o pensamento colocado dentro dela,
o pensamento dentro da língua como se esta fosse outro cérebro;
colocá-la numa determinada posição e a partir dele, mas sempre com o
pensamento como condutor, trabalhar nas articulações do corpo todo. ela
dizia: "não devemos sentir que afrouxamos, e sim pensar em afrouxar. sentir
é como abandonar-se, quase inconsciente. pensar é consciente, dirigido.
quando verdadeiramente se entra em contato com a própria língua e se percebe
tudo o que ela é capaz de mover dentro de nós, se compreende que uma
mudança radical é possível. num texto de 1974, disse fedora: "após vários anos
de trabalho, deram-se as relações mais significativas: a língua e o cóccix. penso
que o fato de ter relaxado por tantos anos, de forma consciente as articulações
e de ter desenvolvido as forças das correntes energéticas mais profundas, permitiu
a criação dos espaços para que tão contundentes constatações pudessem dar-se.
a língua adquiriu dentro de minha boca uma força. instalou-se um poder. sua
presença fez-se consciente. disse: estou aqui. com todo o seu esplendor, exclamou:
eu tenho a palavra e também ela estendeu-me as mãos. a aparição da língua não
significou mais uma etapa dentro de um caminho. compreendi que devíamos
começar o trabalho com ela e isso trouxe uma evolução importantíssima. num
estado de alegria muito particular um dia disse: a língua baixou à terra..."
texto: cristina suarez
música: era - i believe
angel
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