segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ciência e meditação em sintonia - parte II


primeiros passos
por mais de uma década, meditar foi coisa de bicho grilo. de braços dados
com a ioga, a macrobiótica, a arte psicodélica, o amor livre, entre outros
subprodutos da contracultura, a técnica se tornou um cult ligado ao
movimento que dominou aqueles tempos. "tanto que o national institute of
health(instituto nacional de saúde dos estados unidos)só começou a financiar
pesquisas em 1992, quando inaugurou o nccam, national center for complementary
and alternative medicine(centro nacional de medicina alternativa e complementar)",
lembra elisa. a pesquisadora, no entanto, faz uma ressalva: "o nccam nasceu para
investigar a eficácia e a segurança das práticas complementares e alternativas e
não para exaltar esses métodos."
hoje a universidades de ponta como harvard, wisconsin e califórnia dedicam
tempo e dinheiro ao assunto. no brasil, a universidade federal de são paulo
(unifesp) e a universidade de são paulo(usp), entre outras instituições acadêmicas
importantes, também têm se debruçado sobre o tema. o instituto do cérebro, do
instituto israelita de ensino e pesquisa albert einstein, se destaca nesse conteúdo
porque desenvolve um estudo inovador, com um dos maiores contingentes de
voluntários submetidos a exames de neuroimagem para avaliar os efeitos das
práticas meditativas no cérebro.
dra. elisa, bióloga com mestrado e doutoranda pelo departamento de
psicobiologia da unifesp, é a investigadora principal de um estudo, que conta com
a colaboração de outros pesquisadores do próprio instituto do cérebro, da
universidade federal de são paulo, e do king's college de londres. o trabalho
investiga como o treino de meditação aumenta a eficiência cerebral em uma
tarefa de atenção, e contou com participantes, meditadores regulares e não
meditadores. não se avaliou a prática da meditação em si ou a habilidade de
realizar atividades durante a meditação. "os 110 voluntários passaram por
testes psicológicos e exame de ressonância magnética funcional, antes e
depois de um retiro para meditação. além deles, tivemos um grupo de controle
que não participou do retiro. verificamos que, para ter o mesmo desempenho no
teste de atenção, os não meditadores precisaram recrutar mais áreas cerebrais
que aqueles que praticaram meditação regularmente.", explica elisa. esses
dados foram publicados na neuroimage, uma das mais respeitadas revistas na
área de neuroimagem do planeta.
estudos anteriores realizados pela equipe de richard davidson, da universidade
de wisconsin, mostravam que monges que meditam há muitos anos tinham a
habilidade de gerar por longos períodos ondas do tipo gama, também
conhecidas como de alta frequência. não existe um consenso quanto ao papel
de tais ondas cerebrais, mas nesse caso poderiam estar relacionadas a um
estado elevado de atenção contínua. eles ainda se mostraram capazes de,
durante a meditação, ativar mais áreas cerebrais relacionadas com a
habilidade de manter a atenção por mais tempo do que conseguem manter os
não meditadores, em exames de ressonância magnética funcional. esse dado é
interessante, pois mostra que os estados meditativos podem ir além do estado
de simples relaxamento caracterizado pelas ondas alfa(que são predominantes
quando simplesmente fechamos os olhos e relaxamos).

música: arabic chillout - meditation henna henna - deep forest
texto: bons fluidos - cecilia reis
imagem: google imagens

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