sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Saborear é saber intimamente, saber dentro.


                                                                      imagem - internet

Doce, salgado, amargo, ácido e picante: segundo a visão chinesa, são esses os cinco sabores que permeiam tudo. Segundo os ayurvedas, existem mais dois, o insípido e o adstringente, que os chineses englobam no doce e no ácido.
Mas esses sabores não são somente do paladar, são sabores da vida! O poste, a chave de casa, o sapato, o cabo do guarda-chuva têm sabor. Lágrima tem sabor diferente a cada choradinha. Sabor é igualzinho a cor, a som, a cheiro, a sensação na pele: existe independentemente da nossa vontade, nós é que o capturamos ou não através dos sentidos. Você pode dizer que saboreia uma imagem, um momento, uma música, uma declaração de amor e até coisas menos virtuosas, como a vingança: “Vingança é um prato que se come frio”, diz o ditado, um tanto indigesto.
A memória pode trazer o sabor amargo de um ressentimento. Já o desejo coloca o sabor do sexo na boca, a propaganda vende um sabor de “quero mais”, o texto do artigo na revista pode ser saboroso. E existe coisa pior do que sentir a vida insípida? Pouco agradável, tediosa, monótona: sensaborona.
Outra palavra que tem tudo a ver é gosto. Pode ser sinônimo de sabor quando se diz que algo tem gosto de e de prazer quando se conjuga em verbo: gostei. Expande-se para critérios de valor: bom gosto. Ou mau gosto, que é diferente de gosto ruim...
                                                       Sonia Hirsch – Bons Fluídos dez.2001

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