sábado, 8 de fevereiro de 2014

O prazer de alongar-se


O norte-americano Ray Johnson criou um método revolucionário de exercícios físicos batizado de joyflexing, palavra que pode ser traduzida literalmente por alongando-se com prazer, ou, melhor ainda, o prazer de flexionar-se.
Trata-se de um processo de estiramento muscular espontâneo e prazeroso, nos quais os músculos são comprimidos uns contra os outros, com movimentos que vão se alternando devagar. Uma grande vantagem é que esses exercícios podem ser praticados em diversos locais - na cama, no sofá e na cadeira do escritório, entre outros - e com qualquer tipo de roupa. Na verdade, trata-se de uma sequência curta que não irá levar mais do que 90 segundos por vez, mas que deverá ser feita várias vezes por dia, sempre que o organismo assim o determinar.
A grande diferença entre essa prática e outras similares, como a isometria, a ioga e o tai chi chuan, é que essas técnicas exigem que façamos movimentos e adotemos certas posturas conscientemente. Já joyflexing, a ideia é deixar o corpo nos conduzir e fazer aquilo que o organismo pede, nos proporcionando, ao mesmo tempo, uma sensação de bem-estar.
É expressamente proibido praticar qualquer tipo de exercício de alongamento ou de estiramento que não o faça se sentir bem, pois o castigo virá na forma de estresse, frustração, mau humor ou suscetibilidade a doenças.
Prazer é a palavra-chave para o sucesso da prática do joyflexing, pois, para o autor, as pessoas, com o tempo, tendem a abandonar atividades físicas com exercícios repetitivos, aborrecidos e artificiais. A seu ver, ninguém deve encarar uma prática física como obrigação e ficar com dor na consciência quando deixa de ir a aula. Além disso, Johnson acredita que não basta praticar esporte ou exercitar o corpo apenas algumas vezes por semana. Esse estímulo tem de ser diário e constante, feito em períodos curtos, distribuídos ao longo do dia.
O joyflexing, na verdade, nasceu de forma bem curiosa, quando Ray Johnson observava o gato do vizinho deitado no seu gramado e se fez a seguinte pergunta: "se o bichinho passa a maior parte do dia dormindo ou deitado, descansando, como faz para se manter em forma, sempre com os músculos tonificados e pronto para pular em cima de um camundongo ou subir em árvores com incrível agilidade e rapidez?" A resposta desse segredo veio logo em seguida, quando o gato se levantou e começou a bocejar e a se espreguiçar exageradamente, esticando bastante as patas dianteiras para a frente. Ou seja, o bicho estava fazendo um exercício de alongamento, movido
pelos seus instintos. Os próprios cientistas afirmam que os gatos(e os demais felinos) precisam se espreguiçar, de tempos em tempos para manter em forma as funções do corpo. Se os gatos não se alongarem várias vezes ao dia, seus músculos se atrofiam e o acúmulo de toxinas provoca doenças.
Ray Johnson chegou então à conclusão de que, se isso é bom para os gatos, também é bom para nós, seres humanos. E tratou de imitar o animal, espreguiçando-se e alongando-se. Percebi a energia fluindo por todo o meu corpo e logo me senti ótimo, afirma.
Imediatamente se deu conta de que o espreguiçar rotineiro do gato se parecia com um exercício isométrico que fizera alguns anos antes.
A isometria consiste num método de condicionamento físico em que são praticados exercícios curtos de estiramento e contração muscular.
Esses exercícios, na verdade, se baseiam em outros, que foram desenvolvidos há milhares de anos na china, pelos mestres Chi Kung.
Os chineses sempre representavam o Deus da bem-aventurança se espreguiçando, pois tinham consciência de que as pessoas se alongam e se espreguiçam espontaneamente quando estão contentes.
Eles também sabiam que espreguiçar-se com prazer faz bem à saúde e proporciona vida longa, energia sexual e estimula a criatividade.
Segundo escritos chineses de mais de três mil anos, o corpo humano recebe energia cósmica(chi), através de uma rede de canais sutis (os meridianos), sendo que energia pode ser liberada e conduzida por meio da acupuntura e dos exercícios físicos do chi kung.
Ao contrário do chi kung, do tai chi e da isometria, porém, o joyflexing não requer nenhum tipo de treinamento, pois brota espontaneamente do centro do corpo. Johnson afirma que se trata de um método simples e direto para nos sentirmos bem e para acumular energia de vida em nosso organismo. Cada vez que nos espreguiçamos e tensionamos os músculos, aumentamos nossa vitalidade e fortalecemos o sistema imunológico.
Ficamos mais resistentes a tensões e ao extresse. Ao mesmo tempo, entramos em harmonia com o cosmo e compreendemos que a vida está em sintonia com a inteligência universal e divina.
O joyflexing também estimula o fluxo da energia vital no organismo, eliminando os bloqueios,  os nós que impedem sua livre circulação. Para tanto, porém, além de movimentar o corpo, será preciso ainda imaginar a energia fluindo livremente, ativando o sistema nervoso e circulatório. À noite, antes de dormir, devemos
relaxar, respirar profundamente e deixar que a energia que se concentrou durante o dia flua normalmente por todos os órgãos, atingindo as pernas e pés. As articulações especialmente carecem desse fluxo energético desobstruído, pois são partes em que a energia pode facilmente ficar bloqueada. Os taoistas acreditam que essa
energia celestial atravessa o corpo para chegar à terra, ao mesmo tempo em que a energia vital telúrica sobe em sentido inverso.
Essas correntes fortalecem e nutrem todos os órgãos e cada uma das células; por isso, sempre que possível, é importante pisar na terra com os pés descalços. Um detalhe importante: o fluxo pode ser facilitado pela visualização, mas não se deve forçá-lo, pois isso poderia causar resultados desastrosos, como uma liberação súbita de uma grande quantidade de energia.
0 joyflexing ajuda a manter a forma de modo equilibrado, fortalecendo a musculatura e proporcionando bem-estar e boa aparência, sem desenvolver os músculos além do necessário. À medida que o joyflexing for se tornando um hábito, o corpo ficará mais desperto e exigirá que o praticante se movimento mais. As partes adormecidas e atrofiadas acordarão e a pessoa sentirá um impulso casa vez maios de se alongar.
Embora Ray Johnson ensine alguns exercícios básicos de joyflexing, faz questão de salientar que o praticante é quem irá criar seus próprios movimentos, ditados pela necessidade do seu organismo. Ele reconhece que, a princípio, as pessoas tenderão a ficar confusas e desorientadas, pois estão acostumadas a receber métodos prontos. Por isso, é natural que o praticante se pergunte se está indo pelo caminho certo ou se a prática está lhe fazendo bem. Com o tempo, porém, o próprio corpo se encarregará de responder com uma sensação de bem-estar cada vez maior, pois não deveremos nunca esquecer que a fonte do joyflexing é o prazer. "A energia voltará a fluir no seu organismo e os músculos enfraquecidos, as articulações, as veias e os vasos linfáticos voltarão a funcionar sem dificuldade. Você será recompensado com sensações
de alegria e prazer". Um detalhe importante: alguns praticantes de joyflexing
chegaram até a melhorar a visão, deixando os óculos de lado, ou diminuindo o grau.
 
Texto Milton Correia Junior

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