O
norte-americano Ray Johnson criou um método revolucionário de exercícios
físicos batizado de joyflexing, palavra que pode ser traduzida literalmente por
alongando-se com prazer, ou, melhor ainda, o prazer de flexionar-se.
Trata-se
de um processo de estiramento muscular espontâneo e prazeroso, nos quais os
músculos são comprimidos uns contra os outros, com movimentos que vão se alternando
devagar. Uma grande vantagem é que esses exercícios podem ser praticados em
diversos locais - na cama, no sofá e na cadeira do escritório, entre outros - e
com qualquer tipo de roupa. Na verdade, trata-se de uma sequência curta que não
irá levar mais do que 90 segundos por vez, mas que deverá ser feita várias
vezes por dia, sempre que o organismo assim o determinar.
A
grande diferença entre essa prática e outras similares, como a isometria, a
ioga e o tai chi chuan, é que essas técnicas exigem que façamos movimentos e
adotemos certas posturas conscientemente. Já joyflexing, a ideia é deixar o
corpo nos conduzir e fazer aquilo que o organismo pede, nos proporcionando, ao
mesmo tempo, uma sensação de bem-estar.
É
expressamente proibido praticar qualquer tipo de exercício de alongamento ou de
estiramento que não o faça se sentir bem, pois o castigo virá na forma de
estresse, frustração, mau humor ou suscetibilidade a doenças.
Prazer
é a palavra-chave para o sucesso da prática do joyflexing, pois, para o autor,
as pessoas, com o tempo, tendem a abandonar atividades físicas com exercícios
repetitivos, aborrecidos e artificiais. A seu ver, ninguém deve encarar uma
prática física como obrigação e ficar com dor na consciência quando deixa de ir
a aula. Além disso, Johnson acredita que não basta praticar esporte ou
exercitar o corpo apenas algumas vezes por semana. Esse estímulo tem de ser
diário e constante, feito em períodos curtos, distribuídos ao longo do dia.
O
joyflexing, na verdade, nasceu de forma bem curiosa, quando Ray Johnson
observava o gato do vizinho deitado no seu gramado e se fez a seguinte
pergunta: "se o bichinho passa a maior parte do dia dormindo ou deitado,
descansando, como faz para se manter em forma, sempre com os músculos
tonificados e pronto para pular em cima de um camundongo ou subir em árvores
com incrível agilidade e rapidez?" A resposta desse segredo veio logo em
seguida, quando o gato se levantou e começou a bocejar e a se espreguiçar
exageradamente, esticando bastante as patas dianteiras para a frente. Ou seja,
o bicho estava fazendo um exercício de alongamento, movido
pelos
seus instintos. Os próprios cientistas afirmam que os gatos(e os demais felinos)
precisam se espreguiçar, de tempos em tempos para manter em forma as funções do
corpo. Se os gatos não se alongarem várias vezes ao dia, seus músculos se
atrofiam e o acúmulo de toxinas provoca doenças.
Ray
Johnson chegou então à conclusão de que, se isso é bom para os gatos, também é
bom para nós, seres humanos. E tratou de imitar o animal, espreguiçando-se e
alongando-se. Percebi a energia fluindo por todo o meu corpo e logo me senti
ótimo, afirma.
Imediatamente
se deu conta de que o espreguiçar rotineiro do gato se parecia com um exercício
isométrico que fizera alguns anos antes.
A
isometria consiste num método de condicionamento físico em que são praticados
exercícios curtos de estiramento e contração muscular.
Esses
exercícios, na verdade, se baseiam em outros, que foram desenvolvidos há
milhares de anos na china, pelos mestres Chi Kung.
Os
chineses sempre representavam o Deus da bem-aventurança se espreguiçando, pois
tinham consciência de que as pessoas se alongam e se espreguiçam espontaneamente
quando estão contentes.
Eles
também sabiam que espreguiçar-se com prazer faz bem à saúde e proporciona vida
longa, energia sexual e estimula a criatividade.
Segundo
escritos chineses de mais de três mil anos, o corpo humano recebe energia
cósmica(chi), através de uma rede de canais sutis (os meridianos), sendo que
energia pode ser liberada e conduzida por meio da acupuntura e dos exercícios
físicos do chi kung.
Ao
contrário do chi kung, do tai chi e da isometria, porém, o joyflexing não
requer nenhum tipo de treinamento, pois brota espontaneamente do centro do
corpo. Johnson afirma que se trata de um método simples e direto para nos
sentirmos bem e para acumular energia de vida em nosso organismo. Cada vez que
nos espreguiçamos e tensionamos os músculos, aumentamos nossa vitalidade e
fortalecemos o sistema imunológico.
Ficamos
mais resistentes a tensões e ao extresse. Ao mesmo tempo, entramos em harmonia
com o cosmo e compreendemos que a vida está em sintonia com a inteligência
universal e divina.
O joyflexing também estimula o fluxo da
energia vital no organismo, eliminando os bloqueios, os nós que impedem sua livre circulação. Para
tanto, porém, além de movimentar o corpo, será preciso ainda imaginar a energia
fluindo livremente, ativando o sistema nervoso e circulatório. À noite, antes
de dormir, devemos
relaxar, respirar profundamente e deixar que a
energia que se concentrou durante o dia flua normalmente por todos os órgãos, atingindo
as pernas e pés. As articulações especialmente carecem desse fluxo energético
desobstruído, pois são partes em que a energia pode facilmente ficar bloqueada.
Os taoistas acreditam que essa
energia celestial atravessa o corpo para
chegar à terra, ao mesmo tempo em que a energia vital telúrica sobe em sentido
inverso.
Essas correntes fortalecem e nutrem todos os
órgãos e cada uma das células; por isso, sempre que possível, é importante
pisar na terra com os pés descalços. Um detalhe importante: o fluxo pode ser
facilitado pela visualização, mas não se deve forçá-lo, pois isso poderia
causar resultados desastrosos, como uma liberação súbita de uma grande
quantidade de energia.
0 joyflexing ajuda a manter a forma de modo
equilibrado, fortalecendo a musculatura e proporcionando bem-estar e boa
aparência, sem desenvolver os músculos além do necessário. À medida que o
joyflexing for se tornando um hábito, o corpo ficará mais desperto e exigirá
que o praticante se movimento mais. As partes adormecidas e atrofiadas acordarão
e a pessoa sentirá um impulso casa vez maios de se alongar.
Embora Ray Johnson ensine alguns exercícios
básicos de joyflexing, faz questão de salientar que o praticante é quem irá
criar seus próprios movimentos, ditados pela necessidade do seu organismo. Ele
reconhece que, a princípio, as pessoas tenderão a ficar confusas e
desorientadas, pois estão acostumadas a receber métodos prontos. Por isso, é natural
que o praticante se pergunte se está indo pelo caminho certo ou se a prática
está lhe fazendo bem. Com o tempo, porém, o próprio corpo se encarregará de
responder com uma sensação de bem-estar cada vez maior, pois não deveremos
nunca esquecer que a fonte do joyflexing é o prazer. "A energia voltará a
fluir no seu organismo e os músculos enfraquecidos, as articulações, as veias e
os vasos linfáticos voltarão a funcionar sem dificuldade. Você será
recompensado com sensações
de alegria e prazer". Um detalhe
importante: alguns praticantes de joyflexing
chegaram até a melhorar a visão, deixando os
óculos de lado, ou diminuindo o grau.
Texto
Milton Correia Junior
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