terça-feira, 25 de novembro de 2014

Abrindo mão do eu, do meu e do para mim


Se fechamos os nossos olhos e procuramos aquele cantinho dentro de nosso coração em que sentimos a serenidade e a paz, sabemos que ela está ali, sempre à espera.  O que não controlamos é ativado por outra parte de nossa consciência: o ego, a mente em conflito, aquele pedacinho da mente que identificamos como o eu, o meu ou o para mim.
Quando nos perguntamos o que queremos, estamos consultando apenas esta parte de nós mesmos. Trabalhamos incansavelmente por ela, protegemos seus limites e verificamos minuciosamente o respeito e reconhecimento que ela conquista. Observamos, vigilantes, cada um de seus desejos para verificar se nós estamos precisando de algo. Ironicamente, ninguém controla a formação desse eu controlador. Trabalhamos para um tirano que não elegemos.
Embora o conjunto das necessidades do ego seja diferente para cada indivíduo, cegamente estabelecemos a nossa própria prioridade sobre qualquer outra coisa. Este egoísmo nos leva a uma visão de mundo tão estreita, mesquinha e desprezível, que, no limite, se torna uma morte emocional. No entanto, fazemos isso sem questionar as razões que nos levam a querer controlar o mundo.
Dos milhares de fatores que se combinaram para dar forma ao nosso ego, uma coisa é certa: nós não tivemos nenhuma participação ou controle. Do estado emocional de nossos pais quando nos conceberam à maneira como nossos genes se combinaram, o que nossas mães comeram, beberam ou fizeram durante a gestação, o momento em que sua placenta rompeu, o tempo que levou para chegar ao hospital, os solavancos do carro no caminho, quem estava no plantão, o tempo que durou o parto, se,  quando e por quanto tempo fomos amamentados no peito... ufa! E ainda nem chegamos perto de nossos anos de formação!
Conforme-se: nem um só desses fatores foi escolha sua. Mas, ainda assim, você se dedicará de coração, alma e mente a realizar todas as vontades desse eu tirânico, mesmo que não queira.

Hugh Prather

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