Sapatear tira a poeira velha dos pés, deixa a vida mais leve, diria Francisquinha, que dá comprovação de tudo: “Para se aliviar, junte coisas miúdas da casa ou do jardim ao redor, como se juntasse tudo o que pesa no seu coração, e enterre num vaso de barro. Depois, plante algo bonito por cima e mentalize suas alegrias. Se o peso voltar, lembre: está enterrado!”
Para Francisca, os rituais que preservam o afeto renovam a vida. Passa boi, passa boiada, passa feira de beira de estrada com figuras de barro encantadas, noivas, sereias, cavaleiros... “Mostra a tua figura, ó peão!”, sigo cantando... E vem a lembrança: “Onde Deus passa, nada embaraça!”, dizia dona Francisca. “Para se libertar das coisas não ‘justificadas’, mostre tudo para o divino! Imaculada Senhora, pela Vossa conceição, ouve a quem Vos implora, com vozes do coração.” Depois da faxina, Francisca acendia velas para os quatro arcanjos: Rafael(verde, pela cura), Gabriel(lilás, pelas mudanças), Miguel(azul, pela verdade), Uriel(amarela, pela luz). No centro de todas, a vela branca para o anjo da guarda.
Carlos Solano
Trecho tirado da coluna Revista Bons Fluídos
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