Mostrando postagens com marcador Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Desconfie dos seus julgamentos


Certa vez, Mingyur Rinpoche estava no museu de cera de Paris, quando viu uma estátua do Dalai-Lama. Era uma reprodução perfeita e vívida do líder espiritual tibetano, embora estivesse ligeiramente na penumbra. Ele então chegou mais perto para olhar todos os detalhes, pois conhece Sua Santidade bastante bem. Estava assim entretido, quando um casal se aproximou. Ele não percebeu sua presença e continuou a atenta observação. Por sua vez, os dois turistas também o observavam detidamente, pensando que Rinpoche fazia parte da cena moldada com cera: o Dalai-Lama com um monge pequenininho ao lado. “Quando finalmente eu me mexi, os dois deram um grito de pavor”, lembra. “Eu, por minha vez, levei um susto com a presença deles. Depois de nos recuperarmos do choque, e darmos boas risadas juntos, me ocorreu que esse episódio fugaz era capaz de revelar um dramático aspecto da nossa condição humana”, conta Rinpoche. “Vemos o que esperamos ver, limitados por nossa própria capacidade de observação. E o que percebemos pode não ser a realidade como ela é.” Nos agarramos em nossas percepções e conclusões, e a defendemos com unhas e dentes, sem perceber que elas têm grande chance de não serem reais. “A realidade pode bem ser diferente daquilo em que acreditamos. Para compreender o que uma situação realmente é, teríamos de estar num estado que Buda chamou de ‘iluminado’”. Ou seja, num estado não limitado por nossas percepções errôneas. A iluminação é como se, de repente, se acendesse a luz de um quarto escuro e a gente fosse capaz de ver como ele realmente se apresenta. E assim poder dizer: “Nossa, aquela coisa em que eu tropeçava sempre é uma mesa! Aquela outra coisa que achava que era um criado-mudo é uma cadeira!” Traduzindo: olhamos para a vida dominados por nossas percepções, concepções e emoções. E elas são filtros que distorcem a realidade. Portanto, aceitar que nossa visão tende a ser limitada, e que podemos não ter razão em nossos julgamentos, é sempre um bom começo para diminuir e relativizar as emoções dolorosas provocadas por eles.


Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Não compre o pacote todo


O cérebro humano está constantemente processando diversas faixas de informação por meio dos cinco sentidos. Ele as compara com experiências passadas, presentes e por vir, prepara o corpo para reagir de certa maneira e, ao mesmo tempo, áreas relacionadas com a memória e com a projeção do futuro são ativadas. Para facilitar esse processo de cognição, descarta algumas informações e sintetiza aquelas que selecionou num único pacote. É um sistema complexo que funciona razoavelmente bem para o que precisamos no dia-a-dia. Mas a maneira de ele funcionar traz uma desvantagem ao ver as coisas como um todo. Dessa forma, podemos perder muitos dados importantes que teriam a capacidade de influir e modificar a nossa avaliação de determinada situação. Ou seja, baseados em informações gerais fornecidas pelo cérebro, pensamos que a situação é de um determinado jeito, mas, na realidade, ela pode ser de outro. Trocando em miúdos, existe uma grande chance de estarmos completamente enganados.

Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Acolha a dor


Os ensinamentos de Buda feitos há 2 500 anos não dizem como superar a solidão, o desconforto e o medo que preenchem nossa vida. Muito pelo contrário. Suas lições mostram que só seremos capazes de encontrar a liberdade ao aceitar os sentimentos provocados pelos percalços em que esbarramos no caminho. Dessa maneira, podemos acolher o incômodo que as instabilidades nos trazem, sem deixar que elas possam nos imobilizar completamente. Percebemos que estamos sofrendo, aceitamos essa condição. No entanto, não somos mais engolidos pela dor.
Uma das formas de facilitar esse processo é a meditação. Durante a prática, também podemos perceber o rio dos nossos pensamentos, e a turbulência emocional que se origina deles. Mesmo hoje, 20 anos depois de aprender a meditar, ainda estou sujeito à maioria das emoções humanas. Dificilmente seria alguém que poderia ser chamado de ‘iluminado’. Me canso, como todo mundo. Algumas vezes estou zangado, frustrado ou aborrecido. Mas agora, tendo aprendido a trabalhar com minha mente, percebi que essas experiências mudaram de nível. Em vez de ser soterrado por elas, aprendi a acolhê-las e a aproveitar as lições que elas oferecem.

Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dê um passo para trás


Dizem os ensinamentos budistas: não importa qual a situação, sempre é possível observá-la de outra perspectiva. Uma coisa é olhar para um rio mergulhado dentro dele, outra é vê-lo da margem e vislumbrar melhor o que ele é, o seu curso e onde vai parar. “Quando estamos totalmente imersos dentro da água, ou, de maneira correlata, dos nossos sofrimentos, podemos nos afogar sem perceber”. Nessa situação, a água entra pelo nariz, turva os olhos, não conseguimos respirar. “Não há nenhuma vantagem em permanecer assim. Então, nem que for por um instante, precisamos tentar sair da situação para encará-la de outra maneira”. Pelo menos para inspirar um pouco de oxigênio, se afastar da turbulência, nos fortalecer. Por momentos, podemos ver que não somos o próprio rio, só estamos envolvidos nele. Dar um passo para trás e observar o que acontece de outro ângulo é essencial para desenvolver outra perspectiva.

"Esse afastamento da situação pode ser muito positivo. A partir desse momento, ela não tem mais o poder de nos arrastar para o fundo do poço”. Esse distanciamento nos oferece uma nova visão da realidade, mais verdadeira e abrangente.

Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom