quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O fogo transformador e a ação correta

O urso demonstra enorme compaixão pela mulher
ao lhe permitir que arranque um dos seus pelos.
Ela desce correndo a montanha, realizando
todos os gestos, canções e louvores
que haviam surgido espontaneamente nela
durante a escalada. ela chega correndo
à curandeira, cheia de ansiedade. Ela poderia
ter dito, "olhe, consegui. Fiz o que a senhora
mandou. Resisti. Consegui." A velha curandeira,
que também é gentil, demora um pouco, permite
que a mulher saboreie seu feito e depois lança
ao fogo o pelo conquistado a duras penas.
A mulher fica perplexa. o que essa curandeira
louca fez? "Vá embora", diz a curandeira. "Pratique
o que aprendeu." Para o zen, o momento em que o
pelo é jogado ao fogo e a curandeira diz essas
palavras simples é considerado o momento da
verdadeira iluminação. Observem que a iluminação
não ocorre na montanha. Ela ocorre quando, com
a incineração do pelo do urso da meia-lua, a projeção
de uma cura mágica se desfaz. Todos nós enfrentamos
essa questão, pois todas nós esperamos que, se nos
esforçarmos muito e perseguirmos um objetivo sagrado
e elevado, chegaremos a algo, alguma substância, algo
material que de repente tornará tudo perfeito para
sempre.
No entanto, não é assim que funciona. Funciona exatamente
da forma descrita na história. Podemos deter todo o
conhecimento do universo, e ele se reduz a um ponto:
praticá-lo.
Clarissa Estés
Imagem Katerina Plotnikova

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Experiência da Não - Experiência


Sem nenhuma regra ou método, sem nenhum esforço, apenas sentado comodamente ouvindo, as crenças, as inseguranças, os medos e toda a manifestação interna da mente. "Observa a mente", não analisa nada e entra no Silêncio Interno, no teu Ser Verdadeiro.
A experiência da "não experiência" te leva a saber e perceber mas não podes descrever. Ela simplesmente É. O Verdadeiro Silêncio do Ser é um "Vazio" que não é vazio ao mesmo tempo.
No Vazio, não há nada nem ninguém, apenas o profundo Silêncio, mesmo quando existe barulho junto de você.
Esse é um estado de "estar acordado aqui e agora". Você para, não tem que ir a lugar algum, não tem que fazer coisa alguma, apenas deixe a mente olhar dentro dela mesma.
A mente esperneia e busca razões para provar que você não é o Cristo, não é o Buda.
Quando a mente reconhece o revelado, se aquieta.
Aconselho a meditação, sem contemplação e sem concentração de objeto, mantra ou o que for. A verdadeira medição que sugiro é quando não existe nenhum objeto, nem sujeito. Observe aquele momento em que nada está acontecendo, nem positivo e nem negativo. Quando todas as coisas se ausentam, alguma coisa fica presente, essa presença é a Meditação que sugiro, o Silêncio.

Ramana Maharshi

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ming I: Escurecimento da luz,


Não é um momento fácil e ainda que a você pareça estar entre as trevas, deve ter presente que a luz, mesmo que escondida, existe. Por enquanto, de qualquer modo, não é aconselhável revelar todos os seus pensamentos a quem o rodeia. É muito importante que você mantenha a sua integridade no silêncio.

I Ching

Poderoso Cavalo...


que traz o poder de correr pelas amplas planícies
trazendo a visão
dos escudos
dançando na chuva púrpura do sonho.

roubar cavalos é roubar poder, afirmava um ditado repetido

com frequência pelos antigos índios, ilustrando a estima que
devotavam ao cavalo. O cavalo representa o poder tanto no
mundo físico quando na esfera espiritual e, em diversas práticas
xamanistas ao redor do mundo, o cavalo possibilita que os
xamãs voem pelos ares para chegar aos céus.
O andarilho dos sonhos, um poderoso xamã, estava caminhando
pela planície para visitar a nação arapaho. Ele carregava seu
cachimbo, e a pena amarrada em seu longos cabelos negros
apontava para o chão, indicando que ele era um homem de boa
paz. Até que, ao transpor uma elevação, ele percebeu uma
manada de cavalos selvagens correndo em sua direção.
Garanhão negro aproximou-se de andarilho dos sonhos e
perguntou-lhe se ele empreendera sua jornada em busca de uma
resposta, dizendo-lhe ainda:
- eu venho do vazio, onde reside a resposta. Monte em meu dorso
e conheça o poder de atravessar as trevas para encontrar a luz.
Andarilho dos sonhos agradeceu o convite do garanhão negro e
aquiesceu em visitá-lo quando seu poder se fizesse necessário.
À seguir, o garanhão amarelo aproximou-se do andarilho dos
sonhos e ofereceu-se para conduzi-lo ao leste, onde reside a
iluminação, pois assim ele poderia partilhar as respostas que lá
encontrasse com os outros, instruindo-os e iluminando-os.
Andarilho dos sonhos agradeceu, afirmando que não deixaria de
usar os presentes de poder que lhe oferecera ao longo de sua jornada.
Garanhão vermelho então se aproximou, empinando-se alegremente, e
falou com andarilho dos sonhos a respeito das alegrias contidas no
equilíbrio entre o trabalho, o poder e as doces alegrias dos divertimentos.
Ele advertiu andarilho dos sonhos que prestasse atenção aqueles que
entremeavam suas lições com o humor. O Xamã agradeceu e prometeu-lhe
que não se esqueceria de usar sempre o dom da alegria.
Quando andarilho dos sonhos já estava próximo de seu destino e já podia
perceber ao longe a nação arapaho, o garanhão branco destacou-se da
manada para permitir que andarilho dos sonhos pudesse montá-lo, pois ele
era o portador que carregava as mensagens de todos os demais cavalos da
manada, representando a sabedoria do poder. Personificação do escudo
mágico bem equilibrado, este magnifico cavalo reitera que nenhum abuso
de poder será capaz de conduzir à sabedoria. Garanhão branco disse ao seu
cavaleiro:
- andarilho dos sonhos, você empreendeu esta jornada para aliviar o sofrimento
de seus irmãos, para partilhar o cachimbo sagrado e curar a mãe terra. Você
adquiriu a sabedoria por meio da humildade, pois soube reconhecer que é um
instrumento do grande espírito. Assim, enquanto eu o carrego em meu dorso,
você carrega todo o seu povo em suas costas. Em sua grande sabedoria, você
sabe que o poder não é concedido a quem não o merece, mas unicamente aqueles
predispostos a empregá-lo com discernimento e equilíbrio.
Andarilho dos sonhos, o Xamã, foi curado e transformado pela visita dos cavalos
selvagens e compreendeu que sua missão, ao chegar na nação arapaho, era a de
compartilhar os presentes de sabedoria que recebera ao longo do caminho.
Ao compreender o poder do cavalo, você irá sentir-se compelido a
confeccionar um escudo de equilíbrio. O verdadeiro poder é a sabedoria e esta
somente é obtida quando se mantém viva a lembrança de tudo o que ocorreu com
você ao longo de usa jornada aqui na terra. À sabedoria brotará dentro de você
quando você se lembrar de jornadas percorridas com outros mocassins. À
compaixão, a bondade, o amor, e a disposição em ensinar e compartilhar os
dons e os talentos que lhe foram concedidos constituem as verdadeiras sendas
para o poder.

Jamie Sams e David Carson - Cartas Xamânicas

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O plano de Deus para cada um de vós


transcende a limitação de vossa mente racional, elevando vossa vida ao mais alto potencial de saúde, riqueza, amor e expressão perfeita.
A visualização desempenha um papel importante na correção e orientação de vossas tendências mentais, permitindo-vos a construção de um canal mental para entrardes em contato com o plano divino e, desde então, a visão ou intuição deve dirigir vossos passos, pois, como dizem os textos sagrados: "Descansa no Senhor e espera com paciência. Confia n'Ele e fará passar".
Certamente, um dia, alcançareis um estado de desenvolvimento em que vossa "palavra se fará carne" ou se materializará instantaneamente. Ao vosso mando, as "searas como colheita madura" se manifestarão imediatamente, como em todos os milagres de Jesus.
Há um poder tremendo no nome de Jesus Cristo, pois representa a Verdade Manifestada.
Muitas curas foram feitas com o emprego da palavra: "Em nome de Jesus Cristo".
Cristo foi tanto pessoa como princípio; e o Cristo que está dentro de vós é vosso Redentor e Salvador.
O vosso Cristo interno é o vosso Eu Real, feito à imagem e semelhança de Deus. Esse é o vosso Eu que nunca falhou, nunca conheceu a moléstia ou sofrimento, nunca nasceu e nunca morrerá. É a vossa ressurreição e vida!
Quando Jesus disse que "ninguém vai ao Pai senão pelo Filho", queria dizer que Deus, o Universal, agindo no plano particular, se torna o Cristo em cada um de vós; o Espírito Santo é Deus em atividade. Assim é que manifestais diariamente a Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo - nos vossos atos, embora não o façais conscientemente.
Deveis fazer de vosso pensamento uma arte. O Mestre Pensador é um artista e tem o cuidado de pintar no quadro de sua mente apenas figuras divinas, desenhando-as com traços magistrais de energia e decisão, tendo fé perfeita em que não há poder capaz de obscurecer-lhe a perfeição, e que se manifestarão em sua vida, realizando o ideal.
Todo poder vos é dado para, pelo vosso reto pensar, trazerdes o céu à terra, sendo esse o objeto do "jogo da vida".
As suas simples regras são: fé inquebrantável, não-resistência e amor!
Com estas três palavras gravadas em vossos corações, tomareis o estandarte da Harmonia, do Amor, da Verdade e da Justiça, e sentindo-vos livres daquilo que vos manteve em limitação durante séculos colocando-se entre vós e o que vos pertence, realizareis plenamente o vosso destino e manifestareis o divino desígnio de vossa existência pela saúde, a abundância e a perfeita expressão de vós mesmos.
Tereis, assim, cumprido este preceito divino: "Sereis transformados pela renovação de vossas mentes".

Doutrina Esotérica - Mestres do Antigo Egito-Lourenço Prado

Sois feitos à imagem e semelhança de Deus,


de Quem o vosso Eu Real é um centro de expressão e a vossa entidade física uma concretização formal.
Como centro de expressão do Infinito, possuís todas as qualidades de Suprema Vida e Inteligência Universal, porém tendes de desenvolver em vós a consciência dessas qualidades e poderes para que possam receber a concretização formal pela ação de vosso pensamento sobre a substância universal.
Os dois pontos de vossa maior semelhança com Deus, sob o aspecto de Criador, são o Pensamento e a Palavra, e é para a aplicação desses vossos poderes na vida diária que aqui apelo.
Está comprovado pela Ciência Mental que o vosso pensamento cria a forma mental do objeto e a vossa palavra faz reunir ao redor daquela a substância necessária para a concretização do mesmo.
É comum aos que procuram seguir a doutrina do Mentalismo se queixarem de influências mentais estranhas e sem dúvida essas influências existem, porém o fato mais importante é que podeis libertar-vos totalmente de qualquer ação mental perturbadora, pelo vosso contato com o Poder Supremo. Não há outro meio de sairdes de semelhantes condições, embora possa alguém ajudar-vos momentaneamente nesse sentido.

Doutrina Esotérica - Mestres do Antigo Egito




Conhecimento é verdade,


e está sob uma única lei, a lei do Amor de Deus. A verdade é inalterável, eterna e não é ambígua. É possível não reconhecê-la, mas não é possível mudá-la. Ela se aplica a tudo o que Deus criou e só o que Ele criou é real. Está além do aprendizado porque está além do tempo e do processo. Não tem opostos, não tem início e não tem fim. Simplesmente é.
O mundo da percepção, por outro lado, é o mundo do tempo de mudança, dos inícios e dos fins. Ele se baseia em interpretação, não em fatos. É o do nascimento e da morte, fundado sobre a crença na escassez, na perda, na separação e na morte. Ele é aprendido mais do que dado, seletivo nas ênfases que dá a percepção, instável em seu funcionamento e impreciso em suas interpretações.

Um Curso em Milagres
Imagem Gary King

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Pulmão - Nosso Sistema de Defesa


O pulmão, é o responsável pela captação da parte yang da energia vital que chega através da respiração, e os distúrbios desta função vão repercutir no pulmão e no rim, que é onde vai ser recebida e agregada com a parte yin da energia que entra pelo estômago com a alimentação. Outra função importante do pulmão é em relação à defesa do organismo. Esta defesa é diferente da imunidade humoral, que está ligada às células brancas do sangue. Esta defesa é feita por uma energia que chamamos de wei qi, que é gerada pelo pulmão.
Esta energia circula na superfície do corpo, e dá o primeiro combate aos ataques externos, sejam eles virais, bacterianos ou climáticos(vento, frio, umidade).
Energeticamente o pulmão rege várias estruturas, a saber: a garganta e suas estruturas(amígdalas, tireoide), nariz, seios da face, a pele e os pelos e o intestino grosso.
As emoções ligadas ao pulmão são a tristeza, a melancolia, as angústias e as tensões muito prolongadas. Aqui poderíamos incluir as depressões, mas aí o comprometimento energético é também do fígado. De uma forma mais genérica, poderíamos dizer que o pulmão é afetado pelas perdas afetivas, como os relacionamentos terminados ou as perdas de entes queridos.
Uma relação muito importante é a da pele com o pulmão, fato que também é observado pelos colegas alopatas. É bastante comum a evolução de um eczema para algum tipo de bronquite, e também o contrário, como as asmas ou bronquites quando tratadas por métodos naturais tendem a se resolver através de eliminações na pele. Em alguns casos o tratamento de uma lesão de pele, feito de forma a suprimir a lesão, pode gerar como consequência patologias, que vão desde uma simples rinite até as asmas ou as pneumonias de repetição. Portanto, toda a atenção com os tratamentos das alergias, dos eczemas, das dermatites, porque se forem mal conduzidos podem levar a manifestações no pulmão e o observador menos avisado, poderá pensar que são manifestações independentes, quando são na realidade a mesma doença em fases diferentes.
Ainda na pele temos a transpiração, que é controlada pelo pulmão através da abertura e fechamento dos poros. Num quadro de diminuição da energia do pulmão podemos observar com frequência durante o sono. Nestes casos, a energia está tão fraca que não consegue fechar os poros.
Outra estrutura regida pelo pulmão é o intestino grosso que, junto com a pele, funciona como órgão de eliminação, como nos quadros catarrais onde há eliminação de muco juntamente com as fezes. Por outro lado, também temos as alergias alimentares que tem seu início nos intestinos e depois se manifestam na pele, podendo chegar a invadir o pulmão propriamente. Podemos também citar a intolerância à lactose, que também tem manifestações a nível intestinal e pulmonar. Temos também as constipações intestinais que podem ser por falta de líquidos, fibras, por excesso de calor, por excesso de umidade, por diminuição da energia total, por diminuição da energia do pulmão, e várias outras etiologias, assim sendo não é só comendo frutas e verduras ou fibras em geral que vamos regularizar o funcionamento do intestino.
Outra função comandada pelo pulmão é a produção de líquidos orgânicos. Esta função em primeira instância, pareceria ser do rim, mas é do pulmão. Esta produção se dá basicamente pela respiração celular, onde vamos ter, como produtos finais, gás carbônico e água. Esta água, pode ser chamada de endógena, para diferenciar da água que consumimos via oral, ou em outros alimentos. Uma disfunção neste processo de difusão da água, vai levar a formação dos edemas(inchaços) nas partes altas do corpo, como no rosto, nas pálpebras, diferente dos edemas inferiores que estão ligados à energia do rim. Assim, resumindo, a água endógena é formada pelo pulmão e encaminhada ao rim, seguindo o mesmo caminho da energia yang captada pela respiração.
Uma forma fácil de reconhecer alguém com desarmonia da energia do pulmão, é pela cor extremamente branco do rosto. Para finalizar, o sabor que tonifica o pulmão é o picante, sempre em pequena quantidade, senão pode produzir calor e lesar o organismo.

Dr. Fábio Pisani-Médico Acupunturista

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Aceite que sofrer faz parte da vida


Sofremos por diferentes razões. Mas uma das distinções mais cruciais, no entanto, é saber distinguir o sofrimento “natural” do sofrimento “auto criado”. O primeiro inclui tudo aquilo que não podemos evitar na vida. Classificados nos textos budistas como as dores ligadas ao nascimento, envelhecimento, doença e morte, são experiências que fazem parte das transições mais importantes da existência. Eles se apresentam como condições naturais que envolvem o desconforto físico.
Mas há outro tipo de sofrimento que se desenvolve com base em avaliações psicológicas auto criadas, experiências que surgem de nossa interpretação de fatos e eventos, como ressentimento ou raiva contra as pessoas que não vivem do jeito que a gente gosta, inveja de quem tem mais do que nós ou uma ansiedade paralisante quando não há a mínima razão para isso. “Esses sentimentos dolorosos gerados por nossas concepções são baseados em histórias que contamos a nós mesmos, fortemente enraizadas em nosso inconsciente, sobre não ser suficientemente bom, rico o bastante, bonito ou seguro na medida certa, ou outras formas parecidas”, diz Rinpoche. O sofrimento auto criado é essencialmente uma invenção mental. “É como eu mesmo pude constatar com relação à minha própria ansiedade e medo, não é menos doloroso do que o natural.”
“Mas, em vez de ficar julgando com pensamentos como ‘Por que eu estou sozinho?’, ‘Será que tem um jeito de sair disso?’, ‘Não quero mais sentir tal coisa de jeito nenhum!’, poderíamos olhar para esses sentimentos dolorosos e dizer que há solidão, há ansiedade, há medo, como se essa dor fosse uma condição não pessoal, mas algo que simplesmente faz parte da vida”, aconselha o monge. É uma maneira de compreender a Primeira Nobre Verdade ensinada por Buda: a de que o sofrimento (dukkha) existe e de que é uma condição natural da humanidade.
“A palavra dukkha é traduzida no Ocidente, de uma maneira um tanto pesada, por sofrimento. Mas o termo se refere mais a um desconforto, algo que incomoda, aquela coisa que raspa no peito mesmo quando a gente está feliz”, explica o monge tibetano. “Aceitar que essa dor existe e que pertence ao nosso mundo, e não ficar o tempo todo lutando contra ela como algo a ser subjugado, é o primeiro grande passo para cessar aquilo que nos faz sofrer.”

Liane Alves

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Desconfie dos seus julgamentos


Certa vez, Mingyur Rinpoche estava no museu de cera de Paris, quando viu uma estátua do Dalai-Lama. Era uma reprodução perfeita e vívida do líder espiritual tibetano, embora estivesse ligeiramente na penumbra. Ele então chegou mais perto para olhar todos os detalhes, pois conhece Sua Santidade bastante bem. Estava assim entretido, quando um casal se aproximou. Ele não percebeu sua presença e continuou a atenta observação. Por sua vez, os dois turistas também o observavam detidamente, pensando que Rinpoche fazia parte da cena moldada com cera: o Dalai-Lama com um monge pequenininho ao lado. “Quando finalmente eu me mexi, os dois deram um grito de pavor”, lembra. “Eu, por minha vez, levei um susto com a presença deles. Depois de nos recuperarmos do choque, e darmos boas risadas juntos, me ocorreu que esse episódio fugaz era capaz de revelar um dramático aspecto da nossa condição humana”, conta Rinpoche. “Vemos o que esperamos ver, limitados por nossa própria capacidade de observação. E o que percebemos pode não ser a realidade como ela é.” Nos agarramos em nossas percepções e conclusões, e a defendemos com unhas e dentes, sem perceber que elas têm grande chance de não serem reais. “A realidade pode bem ser diferente daquilo em que acreditamos. Para compreender o que uma situação realmente é, teríamos de estar num estado que Buda chamou de ‘iluminado’”. Ou seja, num estado não limitado por nossas percepções errôneas. A iluminação é como se, de repente, se acendesse a luz de um quarto escuro e a gente fosse capaz de ver como ele realmente se apresenta. E assim poder dizer: “Nossa, aquela coisa em que eu tropeçava sempre é uma mesa! Aquela outra coisa que achava que era um criado-mudo é uma cadeira!” Traduzindo: olhamos para a vida dominados por nossas percepções, concepções e emoções. E elas são filtros que distorcem a realidade. Portanto, aceitar que nossa visão tende a ser limitada, e que podemos não ter razão em nossos julgamentos, é sempre um bom começo para diminuir e relativizar as emoções dolorosas provocadas por eles.


Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Não compre o pacote todo


O cérebro humano está constantemente processando diversas faixas de informação por meio dos cinco sentidos. Ele as compara com experiências passadas, presentes e por vir, prepara o corpo para reagir de certa maneira e, ao mesmo tempo, áreas relacionadas com a memória e com a projeção do futuro são ativadas. Para facilitar esse processo de cognição, descarta algumas informações e sintetiza aquelas que selecionou num único pacote. É um sistema complexo que funciona razoavelmente bem para o que precisamos no dia-a-dia. Mas a maneira de ele funcionar traz uma desvantagem ao ver as coisas como um todo. Dessa forma, podemos perder muitos dados importantes que teriam a capacidade de influir e modificar a nossa avaliação de determinada situação. Ou seja, baseados em informações gerais fornecidas pelo cérebro, pensamos que a situação é de um determinado jeito, mas, na realidade, ela pode ser de outro. Trocando em miúdos, existe uma grande chance de estarmos completamente enganados.

Mingyur Rinpoche-Joyful Wisdom