Preciso confessar uma coisa: nem sempre
tudo acontece como queremos. Sei que é difícil acreditar nisso, mas é verdade.
Em qualquer situação, você precisa ter um plano para lidar com as coisas quando
elas não aconteceram do modo como você queria.
Se você fizer algo diferente do que fazia e
isso não der certo, a primeira coisa que vai acontecer será o retorno ao
passado. Imediatamente, você vai pensar que não deveria ter feito aquilo, nem
mesmo tentando; vai achar que foi tolo em acreditar que poderia fazer aquilo
logo de cara e que deveria ter ouvido as pessoas que disseram que você não
conseguiria...
Pare!
Você precisa analisar qual parte disso tudo
é história e qual parte é fato. Embora a tendência seja misturar tudo, há uma
diferença. Os fatos não podem ser discutidos, ou eles são ou não são. Simples,
sem debate. A história é todo o restante, todas as opiniões sobre quem estava
certo ou errado, quem sabia que você não deveria ter feito aquilo, quem avisou...
Tenha isso em mente, escreva e coloque em prática. Quais são os fatos? O que
realmente aconteceu? O que você quer?
Veja este exemplo: Matt, um jovem americano
amigo meu, é ceramista. Ele estava trabalhando nos EUA quando ouviu falar sobre
uma nova cerâmica nas montanhas da África do Sul. Entrou em contato com a dona
do lugar e, depois de um tempo, conseguiu convencê-la a deixar que ele ficasse
lá por seis meses. Ele fez as malas e foi, esperando encontrar uma grande e
moderna construção, bem como um apartamento só para ele.
Ao chegar lá, descobriu que a cerâmica era
um velho haras com equipamento antigo. O apartamento era o último estábulo do
local, com uma parede separando o quarto da cozinha e um pequeno banheiro do
lado de fora.
A roda que ele recebeu para fazer a
cerâmica não estava bem balanceada; sempre que ele tentava fazer um pote,
ficava torto. O apartamento tinha alguns "buracos" para ventilação,
o que era ótimo para manter o ar fresco, mas os insetos sempre entravam; além
disso, água quente era algo inexistente. Após alguns dias, ele estava num
estado deplorável, dizendo a todos que
se interessavam em ouvir como era horrível a situação em que se encontrava.
Por fim, analisamos juntos a forma como ele
vinha observando o passado/presente/futuro e imediatamente ele percebeu o que
estava acontecendo. Ele tinha uma longa história para contar, mas os fatos eram
simples: a cerâmica não era boa, não havia água quente e o apartamento ficava
cheio de insetos.
Aos poucos, Matt foi adquirindo
objetividade. em vez de ser guiado somente pelas emoções e simplesmente reagir
à situação em que se encontrava, ele se perguntou: "O que eu quero?"
Ele sabia que queria passar algum tempo vivendo e trabalhando em outro lugar
para que pudesse crescer como pessoa e desenvolver suas habilidades. Sua visão
era bem clara. A próxima pergunta que
fiz foi:
- Você ainda está comprometido com sua
visão?
- Sim!
Ele se reergueu e mandou embora a
preocupação. Estava pronto para agir.
- E agora? - perguntei.
Ele se levantou e, caminhando em direção à
cerâmica, falou:
- Vou consertar a roda, arrumar alguém para
ver a questão da água quente, fechar os buracos no apartamento e ir em frente.
Todos nós desmoronamos de vez em quando e,
se há uma habilidade na vida que todos nós precisamos desenvolver é levantar a
cabeça, sacudir a poeira e dar a volta por cima.
A.C. Ping - Não Viva Pela Metade