como a nossa mente psíquica resolve problemas por meio de impressões em sonho

tenho observado através dos anos que os sonhos fascinam
intensamente pessoas de todas as categorias sociais. os
nossos diários, periódicos e magazines estão continuamente
revelando o vasto trabalho de pesquisa que vem sendo realizado
por médicos, psicólogos e psiquiatras sobre a vida onírica dos
homens e das mulheres, e têm demonstrado que, praticamente
sem exceção, todas as pessoas sonham. esse trabalho de
pesquisa tem demonstrado também que a privação do sono
necessário pode trazer aberrações mentais e até psicoses.
freud, jung, adler e muitos outros escreveram e falaram
extensamente sobre sonhos, e suas interpretações variam
em enorme grau. desde tempos imemoriais as pessoas têm
ficado confusas e assombradas com as dramatizações da
mente chamadas sonhos. muitos desses sonhos são de
natureza precognitiva e transcendem o tempo e o espaço.

música: ●  my innocence is all you have. renee stahl
texto: joseph murphy - a magia do poder extra-sensorial

a lei da mente é boa e muito boa

a lei da mente é sempre justa e eminentemente honesta.
se você colocar uma pintura horrível diante de um espelho,
ele refletirá exatamente a imagem posta na sua frente. sua
mente é um espelho para o rei e para o mendigo e reflete
sempre matemática e precisamente o conteúdo de sua
mentalidade. é por isso que a lei é chamada boa e muito boa.
os antigos hebreus diziam que a lei dos deuses era perfeita.
ela não nos prega peças, e é por isso que, quando pensamos
bem, segue-se o bem. portanto, a nossa percepção psíquica
pode controlar a manifestação física dos nossos pensamentos.

 música: blank  jones - loneliness
texto: joseph murphy - a magia do poder extra-sensorial
imagem: google imagens

todas as pessoas são dotadas de poder psíquico

e podem em pouco tempo adquirir consciência de
ocorrências e experiências que transcendem os
cinco sentidos. você pode aprender facilmente a usar
esses poderes psíquicos extraordinários para
beneficiar sua vida diária a tal ponto que ficará
assombrado.
um enorme número de todas as classes sociais está
constantemente lidando com poderes tais como:
clarividência, pela qual a pessoa percebe coisas e
situações a distância; precognição, a capacidade de
ver acontecimentos futuros ocorrerem agora na
nossa mente; telepatia, por meio da qual a gente se
comunica mentalmente com outras pessoas, eliminando
restrições de tempo e espaço; e retrocognição, a
capacidade de ver acontecimentos no passado. todos
estes poderes estão latentes em todos nós.

música: take my breath away - spirit of the glen journey  the royal scots dragoon guards
texto: dr. joseph murphy - a magia do poder extra-sensorial
imagem: google imagens

o magnífico centro

após um tempo de trabalho sobre os gestos esteriotipados do rosto,
no qual se tentava desmanchar ou desfazer esses gestos através
do pensamento, surgiu definitivamente com todo o seu esplendor
o que ela chamou de centro magno. sobre ele dizia fedora:
o centro magno é o espaço por onde se abre um lugar de
observação que permite ver para fora ou olhar para dentro. é o
espaço que permite relaxar as tensões de nosso cérebro e, por
conseguinte, relaxar toda nossa rede nervosa até suas últimas
instâncias o gesto esteriotipado se despoja de todas as suas
máscaras e a face nua se enfrenta com as realidades existentes
os anos de relaxamento consciente do osso frontal, o trabalho
de atenção para não pressionar a testa, o desenvolvimento do
âmbito da consciência, que deliberadamente levou o pensamento
para o outro extremo da cabeça, abriram um espaço na testa por
onde o centro magno pôde se manifestar. vejo este centro como
uma estrela que se irradia por dentro em todos os sentidos
iluminados, espargindo sua luz para o além. seu aparecimento
revolucionou mais uma vez o sistema, pois comprovamos com
absolutra admiração que agora sim, definitivamente, podíamos
chegar à medula e a partir dela a todas as medulas do corpo.
o centro magno se encontra na testa, no meio dela um pouco
acima da linha média transversal. é um ponto que, como uma
semente, cresce e nos permite ser cada vez mais nós mesmos. por
quase trinta anos, fedora procurou entrar em contato com a
energia medular, e foi com a descoberta do centro magno que este
desejo tomou corpo. a sutileza na qualidade energética que este
centro mobiliza foi para nós, alunos de tantos anos, uma experiência
nova. desde seu aparecimento, o trabalho começou a desenvolver-se
a partir dele, porque sabemos que o novo é produto de todo um
caminho percorrido; o novo contém todo o anterior.
quando conheci fedora eu tinha um grupo de alunos com os quais
trabalhava uma metodologia chamada ginástica consciente. logo
depois, a força dos meus novos conhecimentos me obrigaram a
mudar para o sistema de fedora e, desde então, tenho transmitido
este conhecimento na argentina e no brasil. é uma experiência por
demais gratificante. as mudanças profundas vividas pelas pessoas que
praticam esta disciplina por um certo tempo mostram que é possível
uma vida mais plena, onde a totalidade de um ser possa se expressar
de forma cada vez mais rica e criativa.
compreendo, desde o começo, que cada um dee, necessariamente, ser
responsável por seu próprio processo e que este processo requer
disciplina, atenção, rigorosidade, paciência, amor, reflexão,
observação.
desta maneira, toda a matéria que compõe nossa vida será posta em
movimentoe poderá ser observada plenamente pela nova consciência.

abrir o cérebro
abrio o corpo.
para que o que deve circular, circule.
para que o que deve unir-se, se una
para que o que está mudo, se expresse.
para que a palavra surja do silêncio e no
silêncio a força cresça.
viver o mistério.
explicar o que é possível.
inventar uma linguagem.
ouvir as mensagens.
olhar. olhar-se
para viver temos que entregar a vida.

texto: cristina suarez - fiz estes cursos com ela em porto alegre. os exercícios
meditação continuo fazendo até hoje. misturo ainda uma respiração do osho,
oxigena o cérebro(esta não deve ser feita sozinha nos primeiros tempos,
só depois que a terapeuta te liberar, precisamos ter uma execelente
coordenação e auto controle, a pessoa pode desmaiar). nos exercícios
da lingua, quando realizados perfeitamente a tendência é a
liberação da kundalini. e quando ela serpenteia meus amigos,a sensação é
indescritível.
música: beautiful sad piano instrumental

a consciência encontra seu âmbito - continuação

... logo acontece um silêncio interno. é a primeira vez que meu
diálogo interno pára. a força deste silêncio é maior que tudo o
que me rodeia. este silêncio tem presença e corpo.
tenho de passar pela prova do silêncio.
o silêncio é uma oportunidade para a mudança que desejo.
dei-me conta de que ao falar nomeio o que rejeito, o que não
quero ser mais, e assim chamo à vida novamente essa força da
qual tenho me afastado. deixei-a no passado mais próximo e essa
força agonizante deseja que a nomeie, que me refira a ela. é a
oportunidade de prolongar sua existência que se esfuma.
no silêncio cresce uma nova manifestação de mim.
comecei a compreender que nosso pensamento não nos pertence,
que em lugar de pensar poderia se dizer que somos pensados, é
como se ele estivesse fora de nós e que, por algum mecanismo
particular, ele atuasse muitas vezes sem ter nada a ver com a
própria pessoa.
tomar consciência de que pensamos era um dos exercícios, ao
qual nos referíamos como pensar que se pensa, observávamos o
pensamento. esta experiência de ser observador de si próprio, de
ser observador do próprio pensamento provoca definitivamente uma
tomada de consciência. compreende-se que nossa cabeça é uma
máquina de produzir pensamentos mecânicos e repetitivos que nos
provocam estados de espírito ou estados emocionais e que esses
estados nos levam, nos conduzem como folhas ao vento, sem que
saibamos porque nem para onde estamos indo.
apropriar-se do próprio pensamento, essa era a questão. já que essa
magnífica capacidade nos foi dada, já que essa força que significa
pensar está além de nós e ao mesmo tempo os pertence, como não
usar desse bendito poder para criarmos uma vida melhor, onde a
alegria e a surpresa sejam nossas companheiras?
o âmbito da consciência marcou uma nova etapa no desenvolvimento
do sistema. tínhamos dado mais uma volta, tínhamos chegado mais
uma vez a um ponto de partida.
a força do âmbito era dirigida para cima, para o céu, a força do
centro da língua tinha duas direções: a do céu e a terra. apareceu
assim um centro que estava localizado na altura do osso sacro e
cuja força tinha como direção também a terra. esses três centros
trabalhando conjuntamente permitiam abrir novamente e de
maneira mais intensa os espaços entre as vértebras, produzindo
um estiramento do torço.
trabalhamos também, por essa época, a força das plantas dos
pés. estas eram pensadas como raízes que entravam na terra
sem pressionar. foi a partir dessa força que comecei a pensar no
espaço que o ser humano ocupa na terra, comecei a ver que a
maioria das pessoas não ocupa o lugar que lhe pertence, que na
maioria o corpo não tem o tamanho que deveria ter, quase todos
estão encolhidos, são menores, e que essa falta de expansão é
uma falta em todos os sentidos; não ocupamos o espaço de fora
porque não temos consciência do espaço interno.

texto: cristina suarez
música: era - e lucevan le stelle

a consciência encontra seu âmbito - continua

mesmo que, desde o começo, o trabalho tenha sido proufndamente consciente,
foi a partir de 1977 que fedora começou a prestar maior atenção ao próprio
pensamento. a maneira como pensamos o esforço que é feito quando se quer
concentrar, o estado em que se encontra nossa cabeça e, especialmente, a
mecanicidade do pensamento, foram questões que começaram a ser levantadas.
ela procurava um centro que estivesse ligado diretamente ao pensamento e o
encontrou bem no meio da cabeça, no ponto que corresponde ao sétimo chacra
da yoga, chamou-o de centro do pensamento. ela dizia: devemos pensar com
força. a partir daí, mandamos as ordens para todos os outros centros, inclusive
o insubstituível da língua. não devemos ficar na sensação do pensamento;
pensar é seguir pensando.
um registro do dia 21 de março de 1977: as correntes internas que sentimos
nestas últimas semanas, mesmo que não surpreendam, ainda comovem. o novo
centro que usamos e que corresponde exclusivamente à força do pensamento
desperta e mantém mais vivo ainda o ponto da língua que possui o centro
energético; surpreendentemente, aviva também as polpas dos dedos, mesmo nas
pessoas que ainda não trabalharam as mesmas. a maioria das pessoas pensa
esforçadamente pela zona da testa, este esforço provoca as rugas que tão
comumente observamos e impede o desenvolvimento do centro que se encontra
localizado na mesma.
a tarefa nesse momento era conseguir a simultaneidade entre pensamentoe ação.
tínhamos um lugar por onde produzir o pensamento, era a partir desse lugar que
as ordens a nós mesmos eram dadas e também a partir dele que os movimentos eram
realizados. devíamos fazer desaparecer  o espaço entre pensamento e ação.
trabalhávamos o relaxamento da zona da testa, quando eu colocava a mão nas testas
dos meus alunos podia sentir como se verdadeiras ondas de maior ou menor
intensidade as atravessassem.
talvez a intensidade tenha a ver com a força da contração.
acontecia que algumas pessoas se negavam ou tinham muita dificuldade de se darem
uma determinada ordem; isto era um mecanismo adquirido desde pequenos, como
rebeldia frente às ordens arbitrárias que tinha tido que executar. tínhamos que
compreender que, dentro do trabalho, as ordens que nós dávamos eram dadas por
nós mesmos.
o centro do pensamento foi retrocendo até que, em 1981, fedora descobriu
o que chamou de âmbito da consciência. era um centro que estava localizado no
topo da cabeça, na parte mais alta dela, logo antes de esta começar a descer.
o nome que fedora encontrou para este centro tinha a ver com o estado que este
produzia. o fato de estar pensando a partir do âmbito da consciência
provocava um relaxamento mental, nunca experimentado antes, que
podia se perceber em todo o corpo. também o fato de deixar de tensionar
o osso frontal permitia que novas correntes energéticas circulassem pela
face anterior do corpo; e estar pensando a partir da zona posterior da cabeça
abria também uma nova circulação na face posterior do corpo. uma porque
se liberava, a outra porque começava a viver. aos poucos o pensamento
começava a acalmar-se.


texto: cristina suarez
música: sunrise - bliss

aventura

minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las
em palavras. é neste sentido, pois, que escrever me é uma necessidade.
de um lado, porque escrever é um modo de não mentir o sentimento
(a transfiguração involuntária da imaginação é apenas um modo de
chegar); de outro lado, escrevo pela incapacidade de entender, sem ser
através do processo de escrever. se tomo um ar hermético, é que não
só o principal é não mentir o sentimento como porque tenho
incapacidade de transpô-lo de um modo claro sem que o minta -
mentir o pensamento seria tirar a única alegria de escrever. assim,
tantas vezes tomo um ar involuntariamente hermético, o que acho bem
chato nos outros.  depois da coisa escrita, eu poderia friamente torná-la
mais clara? mas é que sou obstinada. e por outro lado, respeito uma certa
clareza peculiar ao mistério natural, não substituível por clareza outra
nenhuma. e também porque acredito que a coisa se esclarece sozinha com
o tempo: assim como num copo d'água, uma vez depositado no fundo o que
quer que seja, a água fica clara. se jamais a água ficar limpa, pior para mim.
aceito o risco. aceitei risco bem maior, como todo o mundo que vive. e se
aceito o risco não é por liberdade arbitrária ou inconsciência ou arrogância:
a cada dia que acordo, por hábito até, aceito o risco. sempre tive um
profundo senso de aventura é o que me dá o que tenho de aproximação
mais isenta e real em relação a viver e, de cambulhada, a escrever.


música: gipsy soul marea
texto: clarice lispector - a descoberta do mundo

divino

se deixarmos os conceitos religiosos de lado, poderemos conceituar o
estado divino,diferente do que fazem muitas religiões. todo ser iluminado,
que possui a exata consciência e domínio de sua própria luz, é uma essência
divina.
isso posto, poderemos nos questionar: onde ficamos como seres humanos?
vivemos uma única vez? como seremos divinos?
é preciso que se aceite, para melhor entendermos, que existem mais de
3 bilhões de sóis que vibram em uma intensidade semelhante ao nosso deste
sistema solar. portanto há sim outras dimensões de vibrações energéticas em
esferas que nossa mente humana não atinge.
é preciso, também, que se aceite que o processo de busca desta luz se faz com
o cumprimento total do zodíaco de encarnação em encarnação, em estado de
vida humana. o espírito virou alma. morreu no campo espiritual e nasceu no campo
terreno. depois morreu no campo terreno e renasceu na sua verdadeira casa.
é preciso que se entenda e aceite as verdadeiras razões de apenas utilizarmos de
6 a 13 por cento de nosso cérebro quando estamos encarnados.
poderemos afirmar, desta forma, que a terra passa a ser o "útero do universo". que
o ser humano nada mais é do que um feto que precisa "nascer e renascer para a
eternidade". inúmeras serão as nossas chances de vida em vida até que saibamos
dominar a "fera escura" que existe dentro de nós.
a busca do estado divino deve ser calma, tranquila e sem paixões avassaladoras e
de dogmas que não podemos entender ou assimilar. ao contrário, quanto mais
apaixonados formos por esta ou aquela religião menos enxergaremos.
o que é correto será facilmente assimilado por qualquer pessoa e tudo fará
sentido. o que não estiver assim explicito é lenda, é enganação ou mentira. assim é
o caminho na busca do entendimento do nosso ser e de nossa divindade. as leis do
universo são simples, tão  simples quanto à necessidade que todos temos de beber
dois litros de água por dia.

texto: saul brandalise jr.
música: blank  jones - angel feat. sarah mclachlan

a língua toma o poder - parte VI

no final de 1974, escrevi: "a língua puxa fortemente, sinto como se da garganta
saíssem cotões e teias de aranha. uma força tremenda entra pela garganta e
baixa até o cóccix, me faz tremer e separar as pernas. depois, o simples fato
de pensar no cóccix faz a coluna se movimentar como uma serpente. a cabeça
se inclina para frente e o torso todo gira a partir do cóccix, fazendo um grande
círculo."
lendo esta passagem lembrei que há pouco tempo uma aluna me contou que
tinha sonhado que da sua garganta saíam cabelos.
"a energia da língua é uma força cósmica que não tem princípio nem fim. uma
vez que esta é colocada na posição conhecida, esta posição deve ser
consciente e permanentemente mantida pelo pensamento, a fim de que fique
a cargo dela a execução e realização do pensamento, como condutora da
força criadora que todo pensamento possui em si mesmo."
o trabalho realizado com as mãos permitiu descobrir que elas representam
todo o corpo. existe uma correlação energética entre as diferentes
articulações do corpo e as articulações das mãos. nos membros e tronco
temos três grandes articulações, iguais às que temos nos dedos das mãos e
 dos pés. assim, a primeira articulação dos dedos, a articulação que está
colada com a palma, corresponde à articulação coxofemoral e á articulação
do ombro; a segunda articulação corresponde às articulações da cintura,
dos cotovelos e dos joelhos; e a terceira articulação corresponde ao
pescoço, aos pulsos e aos tornozelos. os segmentos que se encontram
entre as distintas articulações também se correspondem. esta descoberta
permitiu que uma rede muito complexa de correntes energéticas, que
geralmente se encontram retidas, começasse a se soltar e a circular.
assim, comecei a perceber que o que sustenta verdadeiramente o corpo
é uma força ou energia que circula por ele e que o permite realizar
os movimentos sem esforço, enquanto as articulações se abrem.
esta força energética que, quando circula nos permite compreender
a palavra "totalidade", se encontra estagnada dentro do que se conhece
como couraça muscular ou psicofísica. a couraça é uma contração
permanente dos músculos e de todos os sistemas que deveriam por ela
circular; ela impede a livre circulação da energia e a livre expressão de
nosso mundo emocional. não se pode imaginar até que ponto todo
nosso ser está preso; assim como não podemos imaginar a riqueza e
a sutileza das sensações, emoções e movimentos com que nos
deparamos quando começamos esta viagem para dentro de nós.

texto: cristina suarez
músicas: era - without horizon
                      wind love

a língua toma o poder - parte V

durante os meus primeiros cinco anos de trabalho, a língua foi a geradora, a chave,
a primeira. diferentes. etapas se cumpriram: primeiro foi relaxar, depois fizemos força
na raiz dela, relaxamos o freio, descobrimos um centro dentro dela, trabalhamos as
três camadas(em cima, embaixo, do meio).
cada um destes passos foi movendo e abrindo novos espaços e pude constatar que a
língua é uma verdadeira porta de comunicação entre os dois mundos: o interior e o
externo. na medida em que ela vai se soltando, permite que o espaço entre as
vértebras cervicais cresça, a cabeça se coloca numa outra posição. aos poucos, estes
espaços intervertebrais se abrem na coluna toda até chegar ao cóccix. quando isto
acontece um novo caudal energético a percorre. caberia perguntar por que no
calendário asteca a figura do sol no centro tem a língua à mostra. também dentro da
arte pré-colombiana muitas esfinges aparecem com a língua na mesma posição. em
um livro hindu, chamado tantra asana, aparece a figura da deusa chandi com a lingua
colocada para fora e a explicação que se dava para isto era que a língua colocava em
movimento todos os centos energéticos.
penso que a língua está retraída e endurecida na maioria das pessoas. esta retração é
tanto energética quanto muscular. ela começa na relação da criança com a mãe. a
língua serve para entrar em contato energético e afetivo com ela, através do peito.
quando a mãe, por inconsciência ou pela própria retenção, impede que esta relação
aconteça, provoca na criança um movimento contrário, quer dizer, aquilo(a energia)
que estava fluindo para fora, para ela, se volve para trás, se retrai. é como se a
criança tragasse sua própria língua. junto com a retração da língua acontece um
endurecimento nos músculos da boca, maxilares e músculos do pescoço, até que os
espaçõs intervetebrais da coluna cervical se reduzem, o pescoço se curva e a cabeça
é projetada para cima e para frente.

imagem: internet
texto: cristina suarez
músicas: era - come into my world
                        looking for something

a língua toma o poder - parte IV

durante aqueles anos o sistema que fedora transmitia consistia
em relaxar a língua com o pensamento colocado dentro dela,
o pensamento dentro da língua como se esta fosse outro cérebro;
colocá-la numa determinada posição e a partir dele, mas sempre com o
pensamento como condutor, trabalhar nas articulações do corpo todo. ela
dizia: "não devemos sentir que afrouxamos, e sim pensar em afrouxar. sentir
é como abandonar-se, quase inconsciente. pensar é consciente, dirigido.
quando verdadeiramente se entra em contato com a própria língua e se percebe
tudo o que ela é capaz de mover dentro de nós, se compreende que uma
mudança radical é possível. num texto de 1974, disse fedora: "após vários anos
de trabalho, deram-se as relações mais significativas: a língua e o cóccix. penso
que o fato de ter relaxado por tantos anos, de forma consciente as articulações
e de ter desenvolvido as forças das correntes energéticas mais profundas, permitiu
a criação dos espaços para que tão contundentes constatações pudessem dar-se.
a língua adquiriu dentro de minha boca uma força. instalou-se um poder. sua
presença fez-se consciente. disse: estou aqui. com todo o seu esplendor, exclamou:
eu tenho a palavra e também ela estendeu-me as mãos. a aparição da língua não
significou mais uma etapa dentro de um caminho. compreendi que devíamos
começar o trabalho com ela e isso trouxe uma evolução importantíssima. num
estado de alegria muito particular um dia disse: a língua baixou à terra..."

imagem: internet
texto: cristina suarez
música: era - i believe
                        angel

a língua toma o poder - parte III

outro registro daquele tempo: ... mudanças corporais evidentes: abrem-se
como buracos e sulcos os tornozelos, os joelhos, os cotovelos, os pulsos
e especialmente as mãos onde tudo está mudado. minhas mãos têm hoje,
há um ano e meio de trabalho, a qualidade das mãos de uma criança
pequena, são totalmente flexíveis, todas as articulações estão abertas,
as polpas dos dedos almofadadas, a sensibilidade é muito maior. cada vez
que uma articulação abre, sente-se como um desgarramento, quase sempre
dói. uma articulação não se abre de uma vez só, parece mais que diferentes
camadas vão se abrindo aos poucos. em geral, antes de abrir se produz na
articulação um movimento descontrolado, rápido e forte, mesmo que não se
esteja trabalhando sobre essa articulação. minha língua está mais longa e mais
grossa. a mobilidade de todo meu corpo é muito maior... "as mudanças
corporais eram o reflexo de outra mudança profunda que se ia operando dentro
de mim. a maneira de pensar, a capacidade de auto-observação e observação
dos outros e, especialmente, a leveza da qual minha alma começava a desfrutar.
atenção, observação e movimento, fazer e não fazer, tudo ao mesmo tempo, eis
a tarefa. no dia 11 de julho de 1975 escrevi: "... me dei conta de que os estados
de torpor que às vezes se sentem são a mesma coisa que sentir fechada uma parte
do corpo. o torpor é para a cabeça a mesma coisa que a impossibilidade de
movimento é para o corpo, são duas manifestações de algo que não flui. na medida
em que somos capazes de perceber, isto significa que alguma coisa já foi removida
e consequentemente começamos a sentir aquilo que está obstruindo. a partir daí, 
geralmente se produz a abertura, ficamos mais lúcidos, o movimento acontece..."

texto: cristina suarez
música: era - kilimandjaro
                        after thousand words

a língua toma o poder - parte II

logo após o primeiro encontro tive a certeza de que havia chegado
a um ponto de partida. a força com que fedora expunha suas idéias, seus olhos
e os estranhos resultados que aqueles pequenos exercícios provocaram em
mim me impressionaram fortemente. transcreverei aqui um trecho do meu
caderno de anotações sobre a primeira aula: "a primeira vez que soltei a língua
tive a sensação de entrar noutra dimensão. senti com clareza que esse era outro mundo
e tive medo. no dia seguinte, após a primeira aula, comecei a praticar os exercícios sozinha.
coloquei a língua na posição indicada e comecei a abrir e dobrar a terceira articulação dos
dedos das mãos; aos poucos a mão começa a tremer até ir desaparecendo, o corpo todo
treme também com uma violência que desconheço, sinto uma força enorme na região dos
ísquios que me puxa contra o banco onde estou sentada. fico assustada durante toda a
primeira semana".
naquela época eu fazia parte de um pequeno grupo de trabalho. eu e minhas companheiras
assistíamos às aulas uma vez por semana e juntas praticávamos os restantes dos dias,
registrávamos os acontecimentos e discutíamos sobre o acontecido. nossa vida girava em
torno do trabalho; isto nos permitiu um aprofundamento em um caminho onde o desconhecido
era a regra.
durante cinco anos trabalhamos juntas com absoluta dedicação aquilo que fazíamos. todos os
registros desse tempo têm uma vivacidade e um tom de constante assombro. sob o olhar de
fedora e em companhia das minhas companheiras, meu pensamento percorreu meu corpo
infinitas vezes, criando forças, despertando centros energéticos, abrindo as articulações.

texto: cristina suarez
música: era - the mass
                       sinfoni deo

a língua toma o poder - parte I

em março de 1973 conheci fedora aberastury, depois de dez anos a
transitar por diferentes disciplinas(dança, expressão corporal, ginástica consciente)
na procura de uma maior compreensão de mim mesma e de algo para oferecer
aos meus semelhantes.
fedora era pianista, tinha sido discípula de cláudio arrau e rafael da silva, com os
quais tinha trabalhado por quinze anos nos estados unidos. pelo que me consta, a
escola de música de arrau na década dos quarenta abordava o corpo como um
instrumento de passagem, onde o relaxamento e a concentração proporcionariam ao
músculo o tônus necessário que abriria o caminho para a emoção. ela reconhecia
também como influência importantes a do bailarino rick hawkins, a de erwin piscator
e alguns psicanalistas seguidores de wilheim reich.
de volta à argentina, seus alunos de piano trabalhavam com ela a interpretação das
obras musicais. o fenômeno da interpretação ocupava seu pensamento na procura de
conseguir transmitir a obra de outro sem que deixasse de ser de outro, mas que fosse
do próprio intérprete ao mesmo tempo. a auto-observação mostrava-lhe que as tensões
que os seres humanos vão acumulando ao longo da vida os impedem de se expressar
livremente e, no caso específico dos músicos, isto às vezes é agravado pela quantidade
de horas que devem passar trabalhando com o instrumento, o que quase sempre os força
a posturas antinaturais. fedora compreendeu que o trabalho com o primeiro instrumento,
o próprio corpo, era imprescindível e botou literalmente mãos à obra. digo literalmente
porque foram as mãos o ponto de partida deste sistema. quando conheci fedora fazia
quase quinze anos que estava investigando. neste momento já trabalhava com músicos
de todos os instrumentos, e pessoas ligadas à dança e ao teatro.

texto: cristina suarez
música: era - in fine

lince - segredos

segundo a tradição, quem deseja desvendar um segredo deve conectar-se
à energia do lince. entretanto, é muito difícil conseguir que o silencioso
lince comece a falar. se você acaba de se conectar à poderosa energia
de cura do lince, significa que existe algo que você deveria estar sabendo
e ainda não sabe. significa que você precisa saber algo de importante a
respeito de si mesmo ou de alguma pessoa de seu círculo de relações.
o lince possui a capacidade de mover-se através do tempo e do espaço.
ele consegue mergulhar no grande silêncio e trazer qualquer mistério à
tona, tornando-se, assim, o detentor dos segredos dos sistemas
mágicos esquecidos e dos conhecimentos ocultos. o lince não é o
guardião destes segredos, e sim o detentor destes segredos, o que é bem
diferente. o problema é fazer com que o lince nos revele estes mistérios.
ele prefere sair caçando pássaros ou se divertir jogando areia na sua cara.
depois, se guarda em seu silêncio, encobrindo os mistérios...
a energia do lince é coligada a um tipo muito especial de clarividência.
as pessoas do totem do lince conseguem vislumbrar imagens mentais
sobre os segredos de outras pessoas e são capazes de descobrir tudo o
que elas escondem das demais e até mesmo de si próprias. elas detectam
facilmente os medos, as mentiras e as auto-ilusões presentes nas mentes
alheias. elas descobrem se alguém tem um tesouro escondido, quando
existe algum. são as pessoas que sabem, mas guardam os segredos,
jamais revelando-os aos outros.
se você se esqueceu de onde escondeu seus próprios tesouros, poderá
obter esta informação de uma pessoa do totem do lince, mas a única
maneira de persuadi-la a revelar esta informação é respeitando
escrupulosamente as práticas e os rituais da tradição desta pessoa.
assim, se você consultar um xamã da tribo choctaw ele irá usar
algumas técnicas tradicionais para ajudá-lo, como, por exemplo,
tocar em seu plexo solar. depois da consulta, você deve oferecer-lhe
um cobertor ou uma certa quantidade de tabaco. esta é a lei das
pessoas do totem do lince, tal como é praticada - entre outras culturas -
pelos índios norte-americanos, pelos ciganos, pelos egípcios e pelos sufis.
se você tirou a carta do lince, isto significa que segredos virão à tona.
se você pertence ao totem do lince e possui seus poderes, preste
bastante atenção às revelações que receberá, seja sob a forma de
imagens mentais, seja uma voz claramente audível em seu ouvido
interior, seja sob a forma de presságios. esteja certo de uma coisa,
no entanto: a mãe terra está se comunicando com você de
alguma forma.
se o lince bateu à sua porta, deixe-o entrar. o irmão ou a irmã lince
poderão ensiná-lo a desenvolver seus poderes pessoais e a
lembrar-se de coisas que você já esqueceu a respeito de si mesmo.
pode ser que ele o faça descobrir tesouros perdidos ou o coloque
em contato com fraternidades há muito esquecidas.
alguns xamãs acreditam que a grande esfinge do antigo egito não
seja um leão e sim um lince. este lince não fala muito. com seu
sorriso enigmático, este grande felino vigia silenciosamente as
areias da eternidade.

texto: jamie sams & david carson cartas xamânicas
música: sacred spirit - rainbow canyon