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É preciso saborear a
todo momento o gosto da vida, com todas as nuances e os matizes, e conhecer de
fato os sabores para saber harmonizar. Fazer isso à mesa é um exercício básico.
Geralmente nos prendemos mais ao doce e ao salgado, rejeitando o amargo(“De
amarga basta a vida!”) e confundindo o ácido com o picante. Será que nossas
emoções são também limitadas assim?”
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Doce é quase tudo o
que a terra produz, daí a necessidade dos temperos. E o sabor doce estimula a
nossa simpatia, a capacidade de reflexão, a postura bem centrada – ou, em excesso
ou deficiência, a desconfiança, a obsessividade, o ciúme.
Salgado é o sabor do
sal, que regula o equilíbrio da água no corpo. Está ligado à energia ancestral
e à confiança na existência. Em excesso ou deficiência, gera ansiedade,
paranoia, medo.
Amargo é o sabor da
chicória, das folhas verde-escuras, do jiló, da carqueja e de vários chás.
Estimula todos os órgãos e as vísceras, inclusive o coração, produzindo calor e
aguçando a fala e a escuta. Em excesso ou deficiência, gera mágoa,
sensibilidade negativa, tagarelice.
O ácido dos
cítricos, do trevo, da azedinha, do vinho e de outros fermentados produz
efeitos na alma, nos olhos, nos músculos, aumenta a criatividade, a paciência,
a capacidade de visão. Em excesso ou deficiência, irrita e embaça o horizonte.
O picante do agrião,
do alho, do gengibre e das sementes de coentro, mostarda, pimenta, entre
outros, move a energia em todas as direções. Gera ritmo e vitalidade, mas, em
excesso ou deficiência, dá em melancolia, desânimo.
Além disso, os
sabores podem ainda ser sutis, moderados, fortes e tóxicos.
Sutis são os
aromáticos, sobretudo das frutas. Variam entre o doce e o ácido, são difíceis
de definir, mas não nos deixam confundir, por exemplo, laranja com tangerina.
Moderados são os que
entram na maior parte do que comemos:
cereais, feijões, vegetais e hortaliças.
Fortes são os que
complementam os moderados: alho, cebola, ervas, rabanetes, pimentões.
Tóxicos são os que
podem ofender a saúde se não forem usados com prudência: vinagre, café,
chocolate, defumados, salgados, açúcar, álcool, pimenta, pimentão, tabaco.
A sabedoria chinesa
diz que nossa harmonia depende da mistura correta dos cinco sabores. Olho vivo:
pode estar aí o grande equilíbrio da vida.
A jornalista e
pesquisadora Sonia Hirsch é autora de livros sobre culinária natural,
alimentação e saúde.
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