As almas podem fazer sacrifícios e suportarem grande dor, até mesmo a morte, não apenas pelo seu próprio aprendizado, como para o seu crescimento, enquanto defendem a sua verdade interior, pelo bem da humanidade em seus esforços de se libertar das crenças obsoletas e destrutivas.
Honremos a alma de Malala Yousafzai, aluna da escola Paquistanesa e ativista em favor dos direitos civis, que, a partir da idade de 12 anos, começou a escrever sobre a necessidade de educar as meninas, e que foi, como resultado de sua franqueza, baleada na cabeça, aos 15 anos, a fim de silenciá-la.
Honremos também a alma de Farzana Parveen, uma mulher Paquistanesa de 25 anos, que foi apedrejada até à morte na semana passada por membros de sua família, pois ela contestou o processo judicial que foi trazido pela sua família contra o marido, acusando-o de sequestrá-la. O reconhecimento de seu consentimento voluntário a este casamento se tornou a base para o seu apedrejamento.
Este sacrifício não é escolhido pelo ser humano, ainda que seja expresso através do corpo, mas pela própria alma que reconhece tanto a sua própria necessidade de assumir tal posição no interesse de suas próprias crenças e valores, enquanto ao mesmo tempo se esforça para trazer uma mensagem que desperte o mundo, reconsiderando os seus pontos de vista em áreas onde os direitos humanos estão sendo violados.
Nós, que testemunhamos estes atos, não podemos conhecer o estado mental interno ou emocional que estava presente a fim de criar, a partir da ameaça de danos, um bem maior. Mas podemos testemunhar a coragem de cada alma que está disposta a suportar as consequências de suas ações, sejam elas quais forem, no interesse da verdade, até mesmo desistindo da própria vida para fazer isto.
Quando testemunhamos uma ação como a da semana passada, que teve um efeito em todo o mundo, através do poder do choque, rompendo as barreiras da cultura e do idioma que nos separam uns dos outros, quando experienciamos uma quebra destas barreiras, nós podemos saber que a alma que iniciou tal evento, em algum nível, escolheu fazer uma doação de seu próprio propósito de vida e até mesmo de sua vida, a fim de promover os fins que são maiores do que aqueles do eu pessoal.
Podemos dar testemunho não apenas da tragédia do ataque de Malala Yousafzai, mas também do poder de sua voz que lhe permitiu se tornar um ícone e um símbolo do direito das meninas, em todos os lugares, de serem educadas. Podemos dar testemunho, também, da brutalidade da morte de Farzana Parveen e oremos pelo bem que, potencialmente, surgirá do choque do mundo em relação às práticas antigas de “crimes de honra à família”, e, mais amplamente, a prática de tratar as filhas como propriedade.
Devemos nos curvar diante destes gestos de sacrifício, feitos por cada um que, ao custo de seu próprio dano potencial, deseja trazer o bem ao mundo, não através do envolvimento em guerras ou assassinato, mas através do poder de permanecer na luz de sua própria verdade.
E, finalmente, honremos as mortes de duas jovens na Índia, cujos corpos foram encontrados na semana passada, penduradas em uma mangueira, e que, embora não tendo feito uma escolha consciente de lutar pela dignidade humana e pela dignidade das mulheres, no entanto, contribuíram com o desmascaramento da escuridão sexual e de suas práticas malévolas na Índia e em outros lugares. Que o seu sacrifício seja também abençoado.
Que as almas de todos os que lutam para se expressar desta maneira, sejam abençoadas.
Mensagem de Julie Redstone
1º de Junho de 2014
Fonte: http://stelalecocq.blogspot.com.br/2014/06/honrando-o-sacrificio.html
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